Educação comunicativa e novas relações
- Mirella Bravo
- 4 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de ago. de 2021
Envolvida em uma série de estudos sobre educação, tecnologia e o uso de metodologias ativas, em março deste ano, escrevi um artigo sobre educação disruptiva. Naquele momento, apresentei a reflexão sobre a proposta de uma educação híbrida, que promovesse momentos presenciais antecipados por encontros digitais no mais puro sentido da sala de aula invertida.

No digital, os alunos poderiam acessar leituras e conteúdos disponibilizados em um ambiente virtual de aprendizagem interativo e selecionados pela indispensável curadoria docente. No presencial, os discentes seriam provocados a colocar em prática o que viram na teoria, experimentando o conhecimento de forma memorável e significativo pelo uso de metodologias ativas. A aula presencial se tornaria um encontro desejado, único e produtivo. A proposta era desafiadora, mas estava atrelada à mudança de mentalidades, especialmente com relação ao uso das aulas digitais como uma real possibilidade capaz de provocar, envolver e ensinar os discentes.
Enquanto nos acostumávamos e refletíamos sobre essa necessária alteração de olhares, a vida foi invadida e muitas devastadas pela pandemia do Covid-19, que logo colocou o mundo em quarentena. Era preciso continuar a ensinar e a aprender, evitando a todo custo o prejuízo até irreversível da perda de processos já iniciados.
E isso tudo sem data certa para retorno da modalidade presencial. O ensino digital ganhou os holofotes e lançou luz para um futuro que dia a dia vem apresentando um novo presente. Acelerou-se a mudança de mentalidades. A educação digital, caminho natural de construção de uma educação híbrida, que ocorreria enquanto processo naturalizado pela sociedade pela forte influência das provocações tecnológicas, figurou como a única opção.
O planejamento de ensino se confirmou como uma definição que precisava ser revisada a cada aula, a cada desafio, a cada necessidade de personalização e a cada nova experiência. Agora, seguimos atentos aos dados e ao processamento de informações sobre as experiências vivenciadas nas diversas aulas ocorridas.
Uma coisa é certa, tudo mudou. Do dia para a noite, como alunos e professores, tivemos que nos ver como parte de um processo de troca de sentidos e de experiências. A ampla adaptação envolveu questões emocionais, técnicas e também comportamentais. E nesse contexto, o núcleo forte do processo de ensino-aprendizagem ganhou destaque. A relação comunicativa precisou ser mais humana, real, acolhedora, próxima e transparente; observando tudo aquilo que ela é capaz de construir e tornar memória, aprendizado, saber. Arrisco dizer que floresceu uma nova educação: a educação comunicativa.
Considerando esse novo conceito e entendendo que qualquer ato comunicativo só existe pela troca entre receptores e emissores, acrescenta-se a última reflexão. A abertura ao debate; a promoção da interação; a entrega e atenção real; a vontade de fazer parte na construção do conhecimento; a motivação ao diálogo e o estímulo à curiosidade e à autonomia formam uma lista em construção dos novos desafios para professores e alunos vivendo nessa nova modalidade. Há outras formas de ser, fazer e estar nesse processo que precisam ser (re)descobertas e a responsabilidade de dar certo é dos dois lados envolvidos nessa relação. Mirella Bravo de Souza Bonella é jornalista, mestre em Comunicação, pós-graduada em comunicação organizacional, MBA em liderança e gestão de pessoas, especialista em docência do ensino superior, professora de Jornalismo, cursa o último ano da graduação em Direito e faz pós-graduação em Direito Digital.
Artigo publicado também em:
留言